Reportagem SOL

Associação reunida em Lisboa

Adeptos do tuning querem lei para evitar discriminação
A União Portuguesa de Tunning (UP Tunning), que hoje se reúne em Lisboa, promete lutar pela criação de legislação específica sobre as modificações em automóveis, para evitar que «proprietários de carros alterados sejam tratados como marginais»

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«Existem artigos [114º, 115º e 116º] do Código de Estrada que se referem a alterações de características de veículos, mas ainda não existe uma legislação específica sobre as alterações que podem ou não ser feitas nos automóveis», disse à agência Lusa o presidente da UP Tuning, Rui Cañellas.

O responsável da associação, que tem como objectivo «estruturar, promover e representar o tuning no país», explicou que, em Portugal, ninguém conhece as balizas dos respectivos artigos do Código de Estrada e que a falta de legislação específica se deve a um «vazio que nunca houve coragem de abraçar por parte das autoridades competentes».

«A única coisa que os adeptos do 'tunning' querem é que se adoptem os padrões que se seguem em outros países europeus e que se crie uma legislação específica e adaptada à realidade europeia para acabar com a penalização de pessoas normais que, mesmo não pondo nada em causa, são diariamente tratadas como marginais», sublinhou o presidente da associação.

Segundo Rui Cañsllas, é incompreensível que organismos existentes em outros países da Europa, que atestam a qualidade e segurança dos diversos componentes tuning (TÜV e VDAT por exemplo), não sejam igualmente aceites em Portugal.

A Direcção-Geral de Viação anunciou no ano passado que se encontrava a preparar legislação específica para os carros alterados, de modo a facilitar algumas transformações nos veículos, nomeadamente de natureza estética, desde que sem alterar «a segurança do veículo ou colidir com o estipulado do Código da Estrada».

Estas leis nunca chegaram a ser feitas, mas a UP Tunning mostra- se «incondicionalmente com a DGV» porque percebe as dificuldades que este tipo de regularização coloca, disse o presidente, manifestando a disponibilidade da associação para «acompanhar de perto todo o processo e ajudar a perceber como é que este enquadramento pode ser feito».

«A nossa esperança é que com grande tolerância e convicção e junto das autoridades competentes possamos criar todas as condições para que uma regulamentação seja criada. A nossa missão é mostrar a verdadeira dimensão e realidade do 'tunning' às instituições oficiais e a sociedade em geral para evitar mais confusões», afirmou o presidente.

O responsável apelou por isso ao apoio «das marcas, de outras associações, da DGV e sobretudo do Ministério de Transportes e do Ministério da Administração Interna».

Para Rui Cañsllas é também preciso «desmistificar» a ligação que existe entre o tunning e a actividade ilegal do street racing, uma vez que «não se pode pôr todos no mesmo saco».

O responsável lembra que em Portugal, independentemente do tunning, existe um grande número de condutores (cerca de 30 por cento) que têm alterações feitas nos carros e não são identificados, especialmente a nível dos pneus, e que todas as marcas de carros têm um sector próprio e específico para as alterações de viaturas.

Em declarações à agência Lusa, Andrea Pinkerton, da European Tuning Organization (ETO), entidade que se encontra a estudar o melhor enquadramento do tuning a nível internacional, disse que a regulamentação sobre as alterações de veículos difere muito na Europa, uma vez que em países como na Alemanha existem regras detalhadas e específicas, enquanto em países como a França tudo o que difere das directivas europeias não é aceite.

«É muito difícil encontrar uma regulamentação comum a todos os países na Europa, uma vez que existem opiniões e experiências diferentes, mas em países como Portugal, penso que é realmente necessário clarificar as coisas», acrescentou a presidente da ETO.

Segundo a Federação Portuguesa de Tuning, existem em Portugal cerca de dois milhões de carros alterados e o número de empresas que se dedicam a esta área continua a crescer no país, devendo rondar as duas mil.

Actualmente, segundo as leis em vigor no Código de Estrada, quaisquer alterações das propriedades originais do veículo, sejam elas alterações a nível de estética ou alterações construtivas, como o aumento da largura dos pneus, a substituição da suspensão ou as distancias de travagem, são punidas e sujeitas à apreensão dos documentos.

O tunning é a actividade de transformação de um veículo, com qualquer finalidade que vise uma melhor adaptação das características do mesmo ao gosto do seu proprietário.

As vertentes do tunning passam pela mecânica, a dinâmica, segurança, estética, áudio, até aos pormenores mais ínfimos utilizados para individualizar ou melhorar qualquer automóvel.

Lusa / SOL

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=21966


ps - Só é pena ainda não terem reparado que se escreve TUNING com um N em vez de Tunning.
 
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