Aqui fica o email que escrevi à DGV e, como não obtive resposta em 8 dias, tornei-o público ao enviar para a Comunicação Social.
Espero que tenham paciência para lê-lo!
Aqui fica:
Espero que tenham paciência para lê-lo!
Aqui fica:
Exmos. Senhores,
Na sequência da decisão de, a partir de Janeiro de 2005 se apreender veículos que se suspeitem (com o equipamento chamado olhómetro) não se encontrarem com as definições e características de fábrica, venho por este meio colocar algumas questões e tentar obter esclarecimento sobre o meu caso particular.
Como chegou a altura de alterar certos componentes do meu veículo (e mesmo que não tivesse chegado essa altura…) decidi não colocar material de origem (da marca, portanto) pois podia arranjar em vários sítios material de qualidade muito superior (é um facto) por preços inferiores (outro facto). Assim sendo vou enumerar as alterações que realizei:
- Pneus: O meu carro trazia uns Pirelli P6000 na medida 185/55R15. Ora tenho colocado agora pneus Bridgestone RE720 (paguei Imposto Valor Acrescentado) pela simples razão que entendo que é uma marca (e modelo) superior à que trazia, e aumentei a medida para 195/50/R15 (contemplada no livrete). A minha questão é: Será legal colocar pneus de outra marca? Serei obrigado a manter marca e modelo de origem? Mesmo que escolha uma marca muito má em que, em chuva, só consiga andar a direito? É legal desde tenha medida no livrete e tenha mais de 1.6mm de profundidade nas ranhuras?
- Filtro de Ar: De origem trás um filtro de papel que tem de ser substituído em todas as revisões. Ora como a vida anda mal eu decidi comprar um filtro de caixa lavável (também paguei o respectivo IVA) que, apesar de ser mais dispendioso que o de origem, ao ser lavado dá para algumas revisões, o que no final fica mais barato do que os de papel. Será que é bom ou não? Para mim (e para quem está dentro do assunto) é melhor pois não se desfaz com o tempo como os de papel. E, se mesmo assim deixar entrar mais porcaria para dentro do motor, e este estragar, o problema não será meu? Até é melhor porque irei ter de comprar material para a reparação e, mais uma vez, pagar o respectivo IVA ao estado. Portanto, será legal?
- Suspensões: Como sempre achei o carro de origem muito saltitão (principalmente quando passava nas supressões das nossas belas auto-estradas), e a adornar muito em curva (o que provoca por vezes saídas inesperadas de frente, mesmo estando dentro dos limites para a respectiva estrada) e porque achava o carro muito alto, decidi não comprar outras suspensões na marca e adquirir uma especifica de uma marca conceituada na Europa (mais uma vez paguei IVA) que, assim como as da marca, são desenvolvidas por Engenheiros (secalhar até com maiores conhecimentos de mecânica, física e dinâmica do que os da própria marca) que me colocou o carro 4cm mais baixo e com uma taragem superior à de origem o que me fez perder um pouco de conforto (problema meu) mas que melhorou muito (em maiúsculas) o comportamento dinâmico do carro, tanto em curva, como em supressões, como também, em travagem! Será ilegal colocar o carro mais seguro?
- Travões: Neste caso os travões de origem (disco e pastilha) até nem eram maus de todo. Já vinha com disco de 280mm o que já é um diâmetro apreciável para 1100Kg de peso do veículo. Mas… como adepto do Tuning… quis mais e, mais uma vez, em vez de comprar na marca, decidi comprar uns duma marca italiana reconhecidíssima em todo o mundo pela sua qualidade (mais uma vez lá foram 19% para o estado). Adquiri uns discos ranhurados que, caso não saibam, essas ranhuras servem basicamente para retirar da área de contacto, os gases que o disco e a pastilha criam ao serem friccionados um com o outro, o que evita aquecimento, e assim, não se verificando o cansaço que se verificava com o material de origem, melhorando a travagem prolongada. Tanto o disco como a pastilha possuem um coeficiente de atrito superior ao material de origem, o que aumenta muito a potência de travagem (para quem não percebe… comparem raspar na parede um cartão e depois uma lixa. Qual é aquele que é mais difícil fazer seguir em frente (usando a mesma força)?). A juntar a isto, substituí os tubos de borracha de origem onde circulam o óleo dos travões, por uns (mais uma vez, específicos) tubos em malha de aço (lá se foram os 19%...), que tem “só” a vantagem de não dilatarem com o calor logo, não perdendo a pressão dentro do tubo necessária para mover os êmbolos com a força desejada (embolo é o que faz empurrar a pastilha contra o disco). Com isto tudo aumentei em muito (novamente em maiúsculas) o poder de travagem e distância de paragem do meu veículo, principalmente em situações de emergência. Provavelmente não usarei nunca toda a potencialidade deste jogo de travagem mas sei que posso contar com ele para quando precisar e, pode-me salvar a vida. Pergunto novamente: é ilegal colocar o meu veículo mais seguro? Vêem alguma razão para que tenha de continuar com material de origem em vez dos meus actuais travões?
- Reprogramação de Centralina: Este é o ponto em que mais compreendo que haja discordância da vossa parte. Aqui (e só aqui) compreendo que haja alguma comparação entre Tuning e Street-Racing (corridas de rua, portanto). Mas vou mostrar o meu ponto de vista. Em 1998, quando tirei a carta de condução, aprendi que se deve efectuar ultrapassagens o mais rapidamente possível. Pois bem… vou só dar este exemplo: imaginemos que com o programa de origem “demorava” 75 metros para ultrapassar um tractor que circulava a 30 km/h numa estrada em que o limite é 90. Ora, após ajuste na electrónica do meu veículo passei (hipoteticamente) a “demorar” apenas 50 metros. Parece que aumentei a segurança, ou não? Esclarecimento: as reprogramações de centralina servem para ultrapassar mais depressa (com mais segurança), para uma maior agradabilidade de condução pois o motor está muito mais disponível, e até para reduzir o consumo (principalmente nos casos dos veículos Turbo Diesel). Não servem unicamente para atingir mais velocidade de ponta. Se acham que as Reprogramações de Centralina são ilegais, então todos os países deveriam proibir as facas de cozinha pois, apesar de servirem para cortar comida, podem também servir como arma para tirar vidas, ou estarei errado? Passamos todos a cortar carne com colheres… Se querem resolver o problema do excesso de velocidade limitem os carros de fábrica todos (à excepção dos veículos de urgências) ao (ridículo) limite de 120km/h. Se pudessem escolher entre um modelo com 100cv e outro com 200cv com o mesmo equipamento, qual escolheriam? (Não precisam responder… é retórica). Mas já agora que querem dar tantas benesses às marcas, experimentem ir como um cliente normal e peçam para lhe aumentarem a Potência do seu motor e irão ver que a grande maioria das marcas faz esse serviço. Mas tudo bem, aqui até compreendo que queiram martelar. Só quis mesmo mostrar outro ponto de vista.
E estas são apenas as alterações que tenho no veículo. Agora gostava que me explicassem se posso legalizar estes equipamentos, como o fazer e quanto mais terei de pagar, além do IVA que paguei pelo material e as inspecções que tenho pago (a última das quais passei com todo este material…). Se não puder legalizar quero saber como o estado me vai devolver (a mim e aos milhares na mesma situação) o IVA dispendido em material que agora entendem que é ilegal (ou será que ainda acham que vão ficar com imposto sobre material ilegal?).
Eu acho muito bem que se consigam legalizar este tipo de alterações pois tenho a consciência que algum material que por cá se comercializa, são de uma qualidade duvidosa. Só não concordo é com a maneira como as coisas estão a ser conduzidas, com multas e mais multas devido a material em que pagámos 19% para o estado. Legalizar sim, explorar o Zé Povinho não!
Envio este email para dois departamentos distintos pois no vosso site não indica qual deles tem competências para fornecer este tipo de informação. Se não enviei para o departamento correcto agradecia que reencaminhassem para o mesmo ou que me comuniquem qual o endereço mais correcto.
Fico assim a aguardar um esclarecimento ou possível comentário sobre os assuntos deste meu email. Sem mais assunto de momento.
Com os melhores cumprimentos,
Miguel Real
miguelreal@xxxxxxxxx.xxx