Os primeiros Scirocco vão começar a sair da fábrica da Autoeuropa na terceira semana de Maio. Na linha de produção estão a ser afinadas as pré--séries que vão dar lugar ao modelo final. Os três Scirocco que ontem foram apresentados no Salão Automóvel de Genebra, na Suíça, saíram há alguns dias de Palmela no maior secretismo, e foram transportados por via rodoviária, em transporte especial. O modelo vai começar a ser comercializado no início do segundo semestre e a SIVA, ainda distribuidora oficial da Volkswagen para o mercado nacional, não sabe para já o preço de venda ao público do novo desportivo de luxo.
Jorn Reimers, director-geral da Autoeuropa, não escondia ontem a sua "satisfação" pela apresentação mundial do modelo produzido em Palmela. Desde o anúncio oficial do novo produto, em Junho de 2006, que a fábrica tem trabalhado no desenvolvimento do desportivo, que passou por várias fases até à sua apresentação.
A Autoeuropa estima produzir este ano cerca de 20 mil modelos Scirocco, valor que deverá subir para 40 mil já no próximo ano. As perspectivas é que o Scirocco represente 20% da produção da unidade no final de 2008. O desportivo destina-se à exportação, devendo o mercado nacional ser residual à semelhança do que sucede com os outros modelos produzidos em Palmela, e a Alemanha é o principal mercado de destino do desportivo de luxo.
Quando a produção do Scirocco entrar em velocidade cruzeiro, a Autoeuropa vai contribuir para atenuar o efeito negativo que o encerramento da General Motors da Azambuja provocou na produção automóvel nacional, e Portugal poderá regressar ao clube dos países produtores de automóveis (mais de 200 mil veículos por ano). As perspectivas são ainda mais animadoras quando se perspectivam investimentos para receber novos modelos, como o sucessor do Sharan, que deverá entrar no mercado em 2010.
Palmela mais competitiva
Durante a primeira apresentação mundial do modelo, Manuel Pinho, ministro da Economia, considerou o acontecimento "um sinal de estabilidade da nossa indústria automóvel no médio prazo". A Autoeuropa fabrica, neste momento, os monovolumes Sharan, Alhambra, o cabrio Eos e pretende, com o Scirocco, manter-se competitiva ao nível da indústria automóvel mundial. "Este investimento vai ainda reforçar os postos de trabalho em Palmela", disse o ministro.
O presidente da comissão de trabalhadores da Auto Europa, António Chora, também presente no evento, disse que o lançamento mundial do Scirocco é "o culminar de uma vitória dos trabalhadores sobre o desemprego", pois em 2005 antevia-se um cenário de deslocalização, por falta de novos modelos para serem produzidos. Na altura, o acordo laboral negociado entre a Comissão de Trabalhadores e a direcção da fábrica, liderada por Emílio Sáenz, foi rejeitado e os trabalhadores foram para casa no Natal de 2005 cheios de incertezas. Na altura, pairou a ameaça de encerramento. Um novo acordo foi negociado e os trabalhadores aceitaram uma redução no custo do trabalho suplementar e no final foi-lhes atribuído o desportivo Scirocco. Em Outubro deste ano, trabalhadores e administração voltam a sentar-se à mesa para negociarem um novo acordo laboral, que irá vigorar até à chegada do novo Sharan.
"O Sharan, juntamente com os outros automóveis produzidos na Autoeuropa, constitui uma âncora para a criação de mais postos de trabalho e maior produção de veículos.
Em 2008, com a introdução do Scirocco, serão criados pelo menos 350 novos postos de trabalho e, em 2010, espera-se que na Autoeuropa trabalhem quatro mil trabalhadores directos. Actualmente, a fábrica é responsável por outros tantos quatro mil empregos.
Ontem, assinalou-se a passagem de 34 anos sobre a apresentação da primeira geração do Scirocco, que ocorreu precisamente no Salão Automóvel de Genebra. O Scirocco (primeira e segunda geração) esteve em circulação entre 1974 e 1992, e no total foram produzidos 845 mil veículos do lendário desportivo.|
