Não há nada pior do que um recém convertido. Desde os zelotas sicários até aos fanáticos religiosos dos nossos dias, foram sempre os recém convertidos que tiveram as atitudes mais extremistas e fanáticas.
Não há nada pior do que um recém convertido à religião da Apple e do seu Deus, Steve Jobs.
Não tenho rigorosamente nada contra o Steve Jobs. É um génio de marketing (mais do que tecnológico) que há muito tempo admiro. Tirando o ZX81, o ZX Spectrum, o Commodore 64 e um PC Amstrad 1512, os primeiros computadores que usei na Faculdade foram Macs (o Classic). Na altura fiz alguns trabalhos numa NeXT workstation (a melhor coisa que o Steve Jobs alguma vez fez e que 20 anos depois continua a ter coisas melhores do que os MacOSX e os Windows que por aí andam). Tenho uma NeXT em casa. Acho que isso diz tudo.
Não tenho rigorosamente nada contra a Apple. É uma empresa fantástica que faz sair produtos de excelência. Uma das empresas de que sou sócio, envolvida no negócio do design e comunicação gráfica, trabalha desde 1996 com Macintosh, desde o tempo dos Quadras e dos Power Macintosh, e correu os modelos todos até aos mais recentes.
O que me chateia são os recém convertidos à "religião" do Macintosh.
Durante anos não se via um Mac numa faculdade. "Por questões de compatibilidade", diziam. "Ao fim e ao cabo, depois nas empresas, é o que se usa". Isto foi a tanga que foram dando. Eram zelotas dos Windows e da Microsoft. Até que o Mac se tornou moda. A partir do momento que se tornou moda "apreciar" o design e a facilidade de uso, que já eram um facto desde a década de 80, começaram os ratos a saltar do barco Microsoft. E agora é ver a proliferação de Macs nas Universidades. E a forma sobranceira como passaram a tratar os colegas que têm um PC com Windows. São uns info-excluídos coitados.
Depois há os convertidos tecnológicos. Sabem alguma coisa mais sobre computadores do que o utilizador normal. E também entraram na moda. Diz-me um no outro dia: "não sabes o que é bom". Um palhaço a ensinar o Padre Nosso ao vigário... E para esses não há mais nada. Só existe a Apple. Durante anos tiraram MCSEs e foram para a fila nas FNAC quando saía a nova versão do Windows. Agora vão para a fila quando sai a última novidade da Apple. Mesmo que seja igual à anterior mas com mais cores.
Ainda piores são os convertidos tecnológicos que sabem bastante mais do que os utilizadores normais. Programadores, administradores de sistemas, etc. Durante anos fizeram cruzadas contra a Microsoft. "Bandidos!". O software era proprietário, as aplicações uma porcaria, eram monopolistas e abusadores. Bom era o Linux, isso sim. Podia ter-se controle total sobre o sistema operativo e sobre o hardware. Mas agora que usam Macs o problema já não existe. A Apple é ainda mais proprietária, mais abusadora e os Macs computadores mais fechados. Mas está tudo bem. Ainda têm a lata de dizer que "não se querem preocupar com o computador, só querem que funcione". Incoerência e falta de moral. Durante anos, o Mac era para os designers, para as meninas e para os básicos. Mas agora já serve. Está na moda. Dá status...
Eu desfiz-me dos dois, dos Windows e dos Macs. Passei a usar Linux em todos os meus computadores (o telemóvel é Android, claro). O que teve uma grande vantagem: quando vêm a família e os amigos pedir suporte técnico à borla posso dizer "Não uso - uso Linux, já não sei como isso funciona". Temos pena.
Sobre o autor
Mário Valente podia ter sido apenas mais um licenciado de informática, mas o seu currículo diz-nos que foi também líder do primeiro ISP privado português (Esotérica), que se dedicou a algumas piratarias (Transpac/PCPursuit) e a algumas passagens por cargos de chefia (ITIJ, no Ministério da Justiça, e Personalis). Pelo meio ainda arranjou tempo para servir ao balcão e tocar guitarra em bares. Entrado na ternura dos 40, cortou o cabelo e começou a dar aulas na Universidade. Em paralelo, criou a empresa Maverick e passou a dedicar-se ao investimento em novas ideias de negócio no setor das tecnologias.
Não há nada pior do que um recém convertido à religião da Apple e do seu Deus, Steve Jobs.
Não tenho rigorosamente nada contra o Steve Jobs. É um génio de marketing (mais do que tecnológico) que há muito tempo admiro. Tirando o ZX81, o ZX Spectrum, o Commodore 64 e um PC Amstrad 1512, os primeiros computadores que usei na Faculdade foram Macs (o Classic). Na altura fiz alguns trabalhos numa NeXT workstation (a melhor coisa que o Steve Jobs alguma vez fez e que 20 anos depois continua a ter coisas melhores do que os MacOSX e os Windows que por aí andam). Tenho uma NeXT em casa. Acho que isso diz tudo.
Não tenho rigorosamente nada contra a Apple. É uma empresa fantástica que faz sair produtos de excelência. Uma das empresas de que sou sócio, envolvida no negócio do design e comunicação gráfica, trabalha desde 1996 com Macintosh, desde o tempo dos Quadras e dos Power Macintosh, e correu os modelos todos até aos mais recentes.
O que me chateia são os recém convertidos à "religião" do Macintosh.
Durante anos não se via um Mac numa faculdade. "Por questões de compatibilidade", diziam. "Ao fim e ao cabo, depois nas empresas, é o que se usa". Isto foi a tanga que foram dando. Eram zelotas dos Windows e da Microsoft. Até que o Mac se tornou moda. A partir do momento que se tornou moda "apreciar" o design e a facilidade de uso, que já eram um facto desde a década de 80, começaram os ratos a saltar do barco Microsoft. E agora é ver a proliferação de Macs nas Universidades. E a forma sobranceira como passaram a tratar os colegas que têm um PC com Windows. São uns info-excluídos coitados.
Depois há os convertidos tecnológicos. Sabem alguma coisa mais sobre computadores do que o utilizador normal. E também entraram na moda. Diz-me um no outro dia: "não sabes o que é bom". Um palhaço a ensinar o Padre Nosso ao vigário... E para esses não há mais nada. Só existe a Apple. Durante anos tiraram MCSEs e foram para a fila nas FNAC quando saía a nova versão do Windows. Agora vão para a fila quando sai a última novidade da Apple. Mesmo que seja igual à anterior mas com mais cores.
Ainda piores são os convertidos tecnológicos que sabem bastante mais do que os utilizadores normais. Programadores, administradores de sistemas, etc. Durante anos fizeram cruzadas contra a Microsoft. "Bandidos!". O software era proprietário, as aplicações uma porcaria, eram monopolistas e abusadores. Bom era o Linux, isso sim. Podia ter-se controle total sobre o sistema operativo e sobre o hardware. Mas agora que usam Macs o problema já não existe. A Apple é ainda mais proprietária, mais abusadora e os Macs computadores mais fechados. Mas está tudo bem. Ainda têm a lata de dizer que "não se querem preocupar com o computador, só querem que funcione". Incoerência e falta de moral. Durante anos, o Mac era para os designers, para as meninas e para os básicos. Mas agora já serve. Está na moda. Dá status...
Eu desfiz-me dos dois, dos Windows e dos Macs. Passei a usar Linux em todos os meus computadores (o telemóvel é Android, claro). O que teve uma grande vantagem: quando vêm a família e os amigos pedir suporte técnico à borla posso dizer "Não uso - uso Linux, já não sei como isso funciona". Temos pena.
Sobre o autor
Mário Valente podia ter sido apenas mais um licenciado de informática, mas o seu currículo diz-nos que foi também líder do primeiro ISP privado português (Esotérica), que se dedicou a algumas piratarias (Transpac/PCPursuit) e a algumas passagens por cargos de chefia (ITIJ, no Ministério da Justiça, e Personalis). Pelo meio ainda arranjou tempo para servir ao balcão e tocar guitarra em bares. Entrado na ternura dos 40, cortou o cabelo e começou a dar aulas na Universidade. Em paralelo, criou a empresa Maverick e passou a dedicar-se ao investimento em novas ideias de negócio no setor das tecnologias.